Quando você trabalha no serviço público impactando a vida de milhares de pessoas, um dos grandes sentimentos gerados é de muito orgulho. Ao fazer isso e ainda poder assumir a identidade LGBT+ com todas as pessoas que trabalham com você, esse orgulho passa a ter várias cores diferentes.
Podemos falar que um órgão estatal ou de governo, em muitos casos, é o reflexo da sua própria sociedade. Desse modo, é comum encontrarmos os três tipos de perfis clássicos: aqueles que já estão conscientes e respeitam completamente os direitos LGBT+, os que estão caminhando nesse processo, e por fim, os que negam e são reticentes a qualquer tipo de avanço.
É um começo difícil. Como não conhecemos a fundo as pessoas no trabalho, é comum surgir o medo de sofrer algum tipo de preconceito logo no início e ser rotulado por algo antes mesmo de poder demonstrar a capacidade profissional. Isso acontece tanto no serviço público quanto na iniciativa privada. Ao longo do tempo, a dúvida passa a ser: quando ouvir alguma conversa com fundo preconceituoso - e sempre existirão comentários homofóbicos - devo me posicionar? Quais lutas valem a pena?
Sempre segui o seguinte critério: se minha opinião irá gerar um conflito importante e promover avanço - falo. Se ao contrário, servirá apenas para gerar um desgaste inútil, deixo que o tempo faça seu trabalho.
É inegável reconhecer os avanços do serviço público nessa área. A diversidade é uma bandeira que já está muito difundida no setor privado, e aos poucos vem tomando seu lugar em governos e administrações por todo o Brasil. O processo evolutivo é feito de avanços e alguns retrocessos, mas é indiscutível que os últimos anos têm sido favoráveis.
Faço do meu trabalho a minha bandeira, gerindo a coisa pública com responsabilidade e mostrando o melhor profissional que posso ser. Ao ter o respeito dos colegas que trabalham comigo e sempre podendo expressar a minha opinião de maneira livre, sei que estou dando passos importantes no processo de inclusão. Um pouco mais colorido, um pouco mais diverso e com muitos mais direitos.
Yuri Tomezak