Wembley Castro (Rede Vocare), Fabiano Contarato (Senador) e Iran Giusti (Casa 1) discutem iniciativas e obstáculos para superar a persistente violação de direitos à vida e à igualdade.
Nenhum dos direitos já adquiridos pela população LGBT no Brasil advieram de conquistas legislativas. Em um país em que 38% das empresas afirmam que não contratariam pessoas LGBTQIA+ para cargos de chefia, não é de se esperar que a pouca ou quase nenhuma abertura para o debate de temas relacionados às reivindicações do grupo sejam relegados e até mesmo ridicularizados nos espaços de poder e tomada de decisão.
Pensando nessa realidade e motivada pelo dia do orgulho LGBTI, celebrado em 28/julho, a Rede Vocare promoveu discussão sobre os desafios no setor público, desde a gestão pública formal, até a implementação de experiências práticas na ponta, para a construção de espaços de segurança e respeito ao direito humano de se manifestar e expressar sua identidade. Participaram da discussão o senador Fabiano Contarato e o fundador da Casa 1, Iran Giusti.
Fabiano trouxe a sua trajetória de professor universitário e delegado de polícia civil por mais de 27 anos e destacou as adversidades enfrentadas para que os pleitos associados a composições inclusivas sejam atendidos em ambientes institucionais. Em que pese a declaração constitucional de igualdade perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, e o objetivo de se garantir o bem-estar de todos e abolir qualquer forma de discriminação, a atuação estatal termina por chancelar a violação, quando não por formas agressivas e extremamente violentas, dos direitos mais básicos da população LGBTQIA+.
Como resposta à sistemática negligência do poder público, impõe-se a representatividade e reivindicação. A cidadania não se resume à vivência em sociedade mas, sobretudo, na capacidade de se transformar esta última. Nesse sentido, a Casa 1 surge de uma experiência particular de acolhimento de jovens LGBT expulsos de suas casas e da percepção das largas e variadas dimensões do problema.
A partir dessa vivência, Iran relata que percebeu o grande volume da demanda. Hoje seu Presidente, ele conta que a Casa, iniciada em 2017 a partir de financiamento coletivo, já acolheu mais de 300 jovens de 18 a 25 anos, proporcionando-lhes hospedagem e acolhimento, muitas vezes inexistente em outros centros da cidade de São Paulo. Justamente por serem LGBTQIA+, essas pessoas são frequentemente agredidas em tais espaços, coordenados em sua maioria por instituições religiosas. Na Casa 1, elas recebem, por até 4 meses, apoio e suporte, que contempla atendimentos relacionados desde a alimentação e a saúde mental até a cultura, arte e educação formal e informal.
A iniciativa percorre os desafios de se prover direitos fundamentais a uma população geralmente em enorme vulnerabilidade. A provisão de uma estrutura básica é também uma tentativa de se propor uma política de assistência social para todos, mas, sobretudo, para a população LGBT, que sofre com a violência especificamente a ela direcionada, mesmo em espaços que deveriam, por sua natureza, ampará-los, a começar pela família, tais quais os centros de acolhimento. É, antes de tudo, uma busca por dar vida a todos os direitos que já estão na Constituição brasileira desde 1988.
Para conhecer mais sobre o trabalho da Casa 1, você pode clicar aqui. Você também pode (re)assistir ao ConVocare no canal da Rede no Youtube.
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